Varia Historia é uma publicação da Pós-Graduação em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, versão impressa ISSN 0104-8775, versão online ISSN 1982-4343.

Nossa missão é publicar artigos originais e inovadores de história, promovendo o diálogo entre os membros da comunidade acadêmica internacional e contribuindo para a renovação historiográfica.

Contato: Av. Antonio Carlos, 6627, Campus Pampulha, Universidade Federal de Minas Gerais,

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, sala 4144, 31.270-901, Brasil. Emailvariahis@gmail.com.

Chamadas para os próximos dossiês

EDITAL PARA SELEÇÃO DE DOSSIÊS PARA O BIÊNIO 2025/2026

Os dossiês serão publicados de forma contínua.

As propostas selecionadas para os próximos anos receberão contribuições até as datas-limite indicadas abaixo. Cada dossiê contará com uma apresentação das organizadoras e dos organizadores, a ser redigida após a aprovação de todos os artigos que o comporão.

2026

Chamada de artigos para o dossiê:

Corrupção na pré-contemporaneidade: teorias e metodologias em torno de um problema de história política

Organização: Maria Filomena Coelho (Universidade de Brasília, Brasil)

Roberta Giannubilo Stumpf (Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal)

Prazo para submissões: 31 de março de 2026

Este dossiê acolhe artigos que explorem o problema da corrupção em sociedades pré-contemporâneas a partir de uma perspectiva política. O objetivo é reunir contribuições que permitam superar os limites conceituais dentro dos quais a corrupção tem sido definida e interpretada nos estudos atuais, sendo sistematicamente reduzida a manifestações como a venalidade e o suborno, principalmente no âmbito público, com forte incidência no campo da economia e da ética. Embora, ultimamente, a corrupção tenha sido também considerada como uma peça importante do jogo da política, ainda assim, as análises limitam-se à Ciência Política, oferecendo conclusões centradas nos desvios comportamentais de indivíduos e/ou de grupos que ocupam posições no Estado ou em outras instituições. Neste sentido, esses estudos acabam por reduzir tais comportamentos a más condutas que, visando exclusivamente interesses privados, corroem a eficiência governamental.

A incidência histórica do fenômeno da corrupção ultrapassa esses sentidos atribuídos ao léxico, pois por “corrupção” nomeiam-se relações políticas específicas, mas recorrentes em contextos muito mais diversos. A corrupção emerge de múltiplas formas, em muitas das quais a atual dicotomia entre público e privado sequer pode ser invocada. O núcleo semântico do conceito é formado pelas estratégias de classificação de comportamentos e práticas como violadores da “correta ordem comum” que não é exclusiva daqueles que atuam no âmbito estatal. Tal classificação, na pré-contemporaneidade, ocorria em ambientes marcados pela pluralidade jurídica e concorrência de sistemas normativos. Em outras palavras, houve experiências coletivas a respeito da corrupção em contextos onde não havia uniformidade jurídica estatal e administração centralizada. A pluralidade normativa implica a busca pela alteridade histórica das relações de poder e, como tal, em desafiar a soberania epistemológica de referenciais oitocentistas para conceitos como “direito”, “economia” ou “estado”. 

Em termos teóricos, propõe-se o desafio de alargar o horizonte, para incluir a perspectiva do político, ou seja, da Filosofia Política, tal como desenvolvida por Pierre Rosanvallon. Ainda que seja importante estudar casos em que acusações de corrupção se tornam instrumentos evidentes do jogo da política, há outra dimensão menos aparente que esconde as lógicas que configuram o modelo político, pelo qual as sociedades pretendem legitimar o acesso, a apropriação e a distribuição da riqueza comum. É justamente das divergências em torno do gerenciamento dessa riqueza, entendida como bem comum, que emergem as acusações de corrupção.  O bem comum é entendido como a riqueza que “aproveita a todos”, a qual não se resume aos bens materiais, estendo-se também aos simbólicos. A administração - ou governo - dessas riquezas com caráter público é do campo da política. No que respeita à metodologia, requer especial cuidado o tratamento de diferentes tipologias documentais; a análise da linguagem; o mapeamento do campo semântico da corrupção e de seu léxico; a configuração do campo normativo; a ressonância social. Do ponto de vista histórico, interessa a própria ideia de corrupção e de sua modulação conceitual no tempo e no espaço, à luz do que deverá ser necessariamente analisada a casuística. Queremos privilegiar a questão teórica e conceitual para entender a corrupção em diferentes contextos históricos, anteriores ao Estado centralizado e liberal, incidindo a análise sobre “o político” e “a política”, que não se restringem aos comportamentos individuais ou de grupos que atuam de dentro do poder institucionalizado.

Call for Submissions for the Dossier:

Corruption in pre-contemporary times: theories and methodologies on a problem of political history

Organization: Maria Filomena Coelho (University of Brasília, Brazil)

Roberta Giannubilo Stumpf (Autonomous University of Lisbon, Portugal)

Prazo para submissões: March 31, 2026

This dossier welcomes articles that explore the problem of corruption in pre-contemporary societies from a political perspective. The aim is to bring together contributions that allow us to overcome the conceptual limits within which corruption has been defined and interpreted in current studies, being systematically reduced to manifestations such as venality and bribery, mainly in the public sphere, with a strong impact on the field of economics and ethics. Although recently corruption has also been considered an important part of the game of politics, even so, the analyses are limited to Political Science, offering conclusions centered on the misconduct of individuals and/or groups who occupy positions in the state or in other public institutions. In this sense, these studies end up reducing such behaviors to bad conduct which, aimed exclusively at private interests, erodes government efficiency.

The historical incidence of the phenomenon of corruption goes beyond these meanings attributed to the lexicon, since “corruption” refers to specific political relationships that are recurrent in much more diverse contexts. Corruption emerges in multiple forms, in many of which the current dichotomy between public and private cannot even be invoked. The semantic core of the concept is formed by strategies for classifying behaviors and practices as violating the “correct common order”, which is not exclusive to those who act in the state sphere. In pre-contemporary times, this classification took place in environments marked by legal plurality and competing normative systems. In other words, there were collective experiences of corruption in contexts where there was no state legal uniformity and no centralized administration. Normative plurality implies searching for the historical otherness of power relations and, as such, challenging the epistemological sovereignty of 19th century references to concepts such as “law”, ‘economy’ or “state”.

In theoretical terms, we propose the challenge of broadening the horizon to include the perspective of the political ("le politique"), in other words, of the Political Philosophy, as developed by Pierre Rosanvallon. Although it is important to study cases in which accusations of corruption become obvious instruments in the game of politics, there is another, less apparent dimension that hides the logics that shape the political model through which societies seek to legitimize access, appropriation and distribution of common wealth. It is precisely from disagreements over the management of this wealth, understood as the common good, that accusations of corruption emerge.  The common good is understood as wealth that “benefits everyone”, which is not limited to material goods, but also includes symbolic ones. The administration - or government - of this wealth with a public character is the domain of politics. As far as methodology is concerned, special care is required in the treatment of different types of documents; the analysis of language; the mapping of the semantic field of corruption and its lexicon; the configuration of the normative field; social resonance. From a historical point of view, we are interested in the very idea of corruption and its conceptual modulation over time and space, in the light of which the casuistry must necessarily be analyzed. We want to focus on the theoretical and conceptual question in order to understand corruption in different historical contexts, prior to the centralized and liberal state, focusing the analysis on “the political” ("le politique") and “politics” ("la politique"), which are not restricted to individual behaviour or that of groups acting from within institutionalized power.

Convocatoria de artículos para el dosier:

La corrupción en la época precontemporánea: teorías y metodologías en torno a un problema de historia política

Organización: Maria Filomena Coelho (Universidad de Brasilia, Brasil)

Roberta Giannubilo Stumpf (Universidad Autónoma de Lisboa, Portugal)

Fecha límite para presentaciones: 31 de marzo de 2026

Este dossier acepta artículos que exploren el problema de la corrupción en las sociedades precontemporáneas desde una perspectiva política. El objetivo es reunir aportaciones que permitan superar los límites conceptuales con los que se ha definido e interpretado la corrupción en los estudios actuales, reduciéndose sistemáticamente a manifestaciones como la venalidad y el soborno, principalmente en el ámbito publico, con un fuerte impacto en el campo de la economía y la ética. Aunque recientemente la corrupción también ha sido considerada una parte importante del juego de la política, aún así, los análisis se limitan a la Ciencia Política, ofreciendo conclusiones centradas en las desviaciones de comportamiento de individuos y/o grupos que ocupan cargos en el Estado u otras instituciones. En este sentido, estos estudios acaban reduciendo tales comportamientos a malas conductas que, orientadas exclusivamente a intereses privados, erosionan la eficacia gubernamental.

La incidencia histórica del fenómeno de la corrupción va más allá de estos significados atribuidos al léxico, ya que «corrupción» se refiere a relaciones políticas específicas que son recurrentes en contextos mucho más diversos. La corrupción emerge bajo múltiples formas, en muchas de las cuales ni siquiera puede invocarse la dicotomía actual entre lo público y lo privado. El núcleo semántico del concepto está formado por estrategias de clasificación de comportamientos y prácticas como violatorios del «correcto orden común», que no es exclusivo de quienes actúan en la esfera estatal. Dicha clasificación, en épocas precontemporáneas, tenía lugar en entornos marcados por la pluralidad jurídica y por sistemas normativos en competencia. Es decir, existían experiencias colectivas de corrupción en contextos donde no había uniformidad jurídica estatal ni administración centralizada. La pluralidad normativa implica buscar la alteridad histórica de las relaciones de poder y, como tal, cuestionar la soberanía epistemológica de las referencias decimonónicas sobre conceptos como «derecho», “economía” o «Estado».

En términos teóricos, el desafío es ampliar el horizonte para incluir la perspectiva de lo político, es decir, la filosofía política, tal como la desarrolla Pierre Rosanvallon. Si bien es importante estudiar los casos en los que las acusaciones de corrupción se convierten en instrumentos evidentes en el juego de la política, existe otra dimensión menos aparente que esconde las lógicas que conforman el modelo político a través del cual las sociedades buscan legitimar el acceso, apropiación y distribución de la riqueza común. Es precisamente de los desacuerdos sobre la gestión de esta riqueza, entendida como bien común, de donde surgen las acusaciones de corrupción.  El bien común se entiende como la riqueza que «beneficia a todos», que no se limita a los bienes materiales sino que incluye también los simbólicos. La administración -o gobierno- de esta riqueza de carácter público es el dominio de la política. Desde el punto de vista metodológico, hay que tener especial cuidado en el tratamiento de los diferentes tipos de documentos; en el análisis del lenguaje; en la cartografía del campo semántico de la corrupción y de su léxico; en la configuración del campo normativo; en la resonancia social. Desde un punto de vista histórico, nos interesa la propia idea de corrupción y su modulación conceptual a lo largo del tiempo y del espacio, a la luz de la cual deben analizarse necesariamente los estudios de caso. Queremos centrarnos en cuestiones teóricas y conceptuales para entender la corrupción en diferentes contextos históricos, anteriores al Estado centralizado y liberal, centrando el análisis en «el político» y «la política», que no se restringen al comportamiento individual o de grupos que actúan desde el poder institucionalizado.

Além dos dossiês, recebemos artigos em fluxo contínuo ao longo do ano (ver Instruções).

Lista de Pareceristas - Processos Editoriais

Confira abaixo as páginas no Facebook, Twitter, Instagram e o canal do YouTube da revista: